Não quero mais escrever
No país que não raciocina
A palavra não se faz valer
Inútil ofício que desanima
Em tempo de fúria assassina
A pena dá pena de ver
E a espada maldosa elimina
A esperança antes mesmo de nascer
Meu último verso o vento vai testemunhar
Já que ao vento ele sempre pertenceu
O que penso e sinto não tem mais lugar
Tão triste é a constatação que me acometeu
Que a registrei solenemente para adornar
A lápide de mais um poeta que morreu
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Derrota
Um sorriso tímido que se apaga
Um olhar doce que silencia
Sozinha na mata escura e vazia
Frágil vida que a noite traga
Na tristeza feroz, esta adaga
Com o sol escaldante que irradia
Setas cortantes de pura agonia
Que seu tênue equilíbrio se estraga
Mansa relva, por favor afaga
Este rosto que há pouco reluzia
E que o vento assovie linda melodia
Embalando o fim de sua curta saga
Um olhar doce que silencia
Sozinha na mata escura e vazia
Frágil vida que a noite traga
Na tristeza feroz, esta adaga
Com o sol escaldante que irradia
Setas cortantes de pura agonia
Que seu tênue equilíbrio se estraga
Mansa relva, por favor afaga
Este rosto que há pouco reluzia
E que o vento assovie linda melodia
Embalando o fim de sua curta saga
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Inverno
Inverno covarde
Vento que varre a vastidão
Gélida tristeza que invade
Pela fresta da alma, por um vão
A taverna que hospeda o coração
Inferno que arde
De frio, de fome e solidão
Tépido veneno corre à vontade
Pelas vias venais da razão
Entre corpo e mente, vicinais na contramão
Enfermo, não tarde
A curar a vida, vedar a emoção
Vasculhar em volta pela felicidade
Acalentar a doce ilusão
De ver novamente o vigor do verão
Vento que varre a vastidão
Gélida tristeza que invade
Pela fresta da alma, por um vão
A taverna que hospeda o coração
Inferno que arde
De frio, de fome e solidão
Tépido veneno corre à vontade
Pelas vias venais da razão
Entre corpo e mente, vicinais na contramão
Enfermo, não tarde
A curar a vida, vedar a emoção
Vasculhar em volta pela felicidade
Acalentar a doce ilusão
De ver novamente o vigor do verão
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Refugiados
Fujo do mal, fujo por mar
Fujo da tristeza que corta
E venho sem nada carregar
Desesperado bater à sua porta
Fujo da guerra, fujo por terra
De uma dor que ninguém mais suporta
E não estou só, se o cálculo não erra
Outros milhões vem correr à sua porta
De um tirano medonho, fujo por sonho
Quando parece que ninguém se importa
Não se admire se pareço tristonho
Venho resignado morrer à sua porta
Fujo da tristeza que corta
E venho sem nada carregar
Desesperado bater à sua porta
Fujo da guerra, fujo por terra
De uma dor que ninguém mais suporta
E não estou só, se o cálculo não erra
Outros milhões vem correr à sua porta
De um tirano medonho, fujo por sonho
Quando parece que ninguém se importa
Não se admire se pareço tristonho
Venho resignado morrer à sua porta
sábado, 12 de setembro de 2015
Prisma
Refratada em sete cores
Pelo prisma da saudade
Minha luz não mais invade
Estes tristes arredores
Onde havia intensidade
Resta a crônica vontade
De seguir-te aonde fores
Refletida a minha alma
Pelo espelho da verdade
Mostra as trilhas da idade
Onde perco minha calma
Quando a tua luz se evade
Sinto que a felicidade
Vai escorrendo em minha palma
Pelo prisma da saudade
Minha luz não mais invade
Estes tristes arredores
Onde havia intensidade
Resta a crônica vontade
De seguir-te aonde fores
Refletida a minha alma
Pelo espelho da verdade
Mostra as trilhas da idade
Onde perco minha calma
Quando a tua luz se evade
Sinto que a felicidade
Vai escorrendo em minha palma
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
Vida útil
Corre solto
Tempo largo
Passa logo
Pesa muito
Corre solta
Mente fértil
Passatempo
Pressa pouca
Corre louca
Vida fácil
Morre cedo
Vida fútil
Morre fácil
Vida louca
Coisa pouca
Vida útil
Tempo largo
Passa logo
Pesa muito
Corre solta
Mente fértil
Passatempo
Pressa pouca
Corre louca
Vida fácil
Morre cedo
Vida fútil
Morre fácil
Vida louca
Coisa pouca
Vida útil
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
Ariana
Eu tô tão na sua que
Sei lá
Alguma coisa dentro de você
Que eu não sei explicar
Talvez uma molécula do DNA
Que ferve no seu sangue
Exala na pele
E me faz respirar
Uma luz que transparece dos olhos
E já não olho pra outro lugar
Sua voz que nunca desafina
Me desatina
Não consigo raciocinar
Sei lá
Alguma coisa dentro de você
Que eu não sei explicar
Talvez uma molécula do DNA
Que ferve no seu sangue
Exala na pele
E me faz respirar
Uma luz que transparece dos olhos
E já não olho pra outro lugar
Sua voz que nunca desafina
Me desatina
Não consigo raciocinar
Vence o cansaço
Tenho força tremenda
Energia infinita
Vontade de aço
Mas sempre vence o cansaço
Sou eu quem desvenda
A teoria proscrita
Do tempo e do espaço
Mas vence o cansaço
Abri uma senda
Na seara bendita
Mas em tudo que faço
Vence o cansaço
Corpo, aprenda
Mente, reflita
Dá-me um abraço
Cansaço
Energia infinita
Vontade de aço
Mas sempre vence o cansaço
Sou eu quem desvenda
A teoria proscrita
Do tempo e do espaço
Mas vence o cansaço
Abri uma senda
Na seara bendita
Mas em tudo que faço
Vence o cansaço
Corpo, aprenda
Mente, reflita
Dá-me um abraço
Cansaço
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
Forças
Mais um vendaval
Se bate lá fora
Um vento que chora
Com força total
Feroz animal
Que ordena e implora
Onde ele mora?
No essencial
A criatura banal
Que as forças ignora
Comete agora
Engano fatal
Se bate lá fora
Um vento que chora
Com força total
Feroz animal
Que ordena e implora
Onde ele mora?
No essencial
A criatura banal
Que as forças ignora
Comete agora
Engano fatal
domingo, 6 de setembro de 2015
Admirador
Amo, mesmo com o sentimento quebrado
Além de ti, toda a obra da natureza
E admirando-lhes timidamente, acabrunhado
Mantenho a chama de minha vida acesa
O azul das matas, do oceano o dourado
Os ângulos adocicados que teu rosto expressa
O aroma das praias, do campo molhado
E o terno calor que tua língua confessa
Assisto o mundo, quieto, encantado
Saboreio teus sinuosos sentimentos sem pressa
Acho que no fundo, mais do que apaixonado
Sou um irrecuperável admirador da beleza
Além de ti, toda a obra da natureza
E admirando-lhes timidamente, acabrunhado
Mantenho a chama de minha vida acesa
O azul das matas, do oceano o dourado
Os ângulos adocicados que teu rosto expressa
O aroma das praias, do campo molhado
E o terno calor que tua língua confessa
Assisto o mundo, quieto, encantado
Saboreio teus sinuosos sentimentos sem pressa
Acho que no fundo, mais do que apaixonado
Sou um irrecuperável admirador da beleza
sábado, 5 de setembro de 2015
Que pena!
Nada, nada, nada
Sensação abandonada
Que toma a cena
Que pena! Que pena
Entre a cruz e a espada
Ante o céu, a escada
Um enorme problema
Tema, trema e trema
A esperança destroçada
A existência marcada
Por este triste emblema
Poema, poema
Sensação abandonada
Que toma a cena
Que pena! Que pena
Entre a cruz e a espada
Ante o céu, a escada
Um enorme problema
Tema, trema e trema
A esperança destroçada
A existência marcada
Por este triste emblema
Poema, poema
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Latente
Nada estanca esta ferida
Que dia a dia, sol a sol
Drena um pouco minha vida
Esta tristeza aguerrida
Uma aura desiludida
O timbre cortante, a nota bemol
Que deixa minha sonata perdida
Minha sinfonia, esquecida
Arde cronicamente, doída
Apesar do formol
Da alegria fingida
Arruinado farol
Que já não dá guarida
E as naus nas pedras trucida
Quando um sorriso decola
Ensaia uma subida
Estol
Que dia a dia, sol a sol
Drena um pouco minha vida
Esta tristeza aguerrida
Uma aura desiludida
O timbre cortante, a nota bemol
Que deixa minha sonata perdida
Minha sinfonia, esquecida
Arde cronicamente, doída
Apesar do formol
Da alegria fingida
Arruinado farol
Que já não dá guarida
E as naus nas pedras trucida
Quando um sorriso decola
Ensaia uma subida
Estol
Amadurecer
A linha do tempo segue inclemente
Tecendo filigrana delicada
Com as nossas vidas elaborada
Aos nossos sonhos indiferente
Não sinto mais a passagem dos dias
As horas caem qual folhas outonais
Navio que não retorna para o cais
A juventude que devagar se distancia
Tecendo filigrana delicada
Com as nossas vidas elaborada
Aos nossos sonhos indiferente
Não sinto mais a passagem dos dias
As horas caem qual folhas outonais
Navio que não retorna para o cais
A juventude que devagar se distancia
terça-feira, 1 de setembro de 2015
Gaia
Tantas trilhas trêmulas tracei
Tentando transpor teus territórios
Todos teus trechos tortuosos tateei
Topos tácitos, terrenos transitórios
Tu tens topografia tremenda
Terremotos, tragédias, terrível torrente
Também tão timidamente tenta
Teus transeuntes tratar ternamente
Tentando transpor teus territórios
Todos teus trechos tortuosos tateei
Topos tácitos, terrenos transitórios
Tu tens topografia tremenda
Terremotos, tragédias, terrível torrente
Também tão timidamente tenta
Teus transeuntes tratar ternamente
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Luto
E agora?
O que vem agora?
Quando a lágrima extenuada
Já não chora
E o tempo petrificado
Lentamente se revigora
E transcorre inclemente
Como o sol raiando lá fora
Indiferente à neblina
Que trago aqui dentro
É a sina de toda a vida
Perecer
De todo viajante
Ir embora
Na nossa casa
Não tem mais você
E a alegria também já não mora
O olhar solidário
O carinho da família
É o que tenho por hora
E sonharei com o dia
Em que terei no rosto
Aquele sorriso que aflora
Por um instante que seja
Aquela luz benfazeja que explora
As brechas de um coração solitário
O que vem agora?
Quando a lágrima extenuada
Já não chora
E o tempo petrificado
Lentamente se revigora
E transcorre inclemente
Como o sol raiando lá fora
Indiferente à neblina
Que trago aqui dentro
É a sina de toda a vida
Perecer
De todo viajante
Ir embora
Na nossa casa
Não tem mais você
E a alegria também já não mora
O olhar solidário
O carinho da família
É o que tenho por hora
E sonharei com o dia
Em que terei no rosto
Aquele sorriso que aflora
Por um instante que seja
Aquela luz benfazeja que explora
As brechas de um coração solitário
domingo, 30 de agosto de 2015
Oração
Estes pássaros cantando não sabem que morri
E o azul do céu também não ficou mais triste
Tudo que há no mundo, tudo que existe
Vai continuar mesmo que eu não esteja mais aqui
Pode rezar à vontade, se a oração te conforta
Não posso mais me alegrar por lembrares de mim
Melhor se você me dissesse em vida, antes do fim
Que zelaria por aquilo que para mim realmente importa
Se quer me homenagear, dispense as velas
Respeite, ao invés, aquilo que respeito
Cuide das coisas que eu cuidava
Admire-se com a beleza das que eu achava belas
Ame as pessoas que eu amava
Com o mesmo amor que tinha no meu peito
E o azul do céu também não ficou mais triste
Tudo que há no mundo, tudo que existe
Vai continuar mesmo que eu não esteja mais aqui
Pode rezar à vontade, se a oração te conforta
Não posso mais me alegrar por lembrares de mim
Melhor se você me dissesse em vida, antes do fim
Que zelaria por aquilo que para mim realmente importa
Se quer me homenagear, dispense as velas
Respeite, ao invés, aquilo que respeito
Cuide das coisas que eu cuidava
Admire-se com a beleza das que eu achava belas
Ame as pessoas que eu amava
Com o mesmo amor que tinha no meu peito
sábado, 29 de agosto de 2015
Música
És foz onde deságua meu amor
Faz jus ao nome que te chamo
Quis mais amar do que já amo
Desfez o ninho de minha dor
Tens tez macia que acalanta
Pôs voz no tímido sentimento
Traz luz, magia e movimento
Estás na vida de quem canta
Faz jus ao nome que te chamo
Quis mais amar do que já amo
Desfez o ninho de minha dor
Tens tez macia que acalanta
Pôs voz no tímido sentimento
Traz luz, magia e movimento
Estás na vida de quem canta
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Ata
Venho por meio desta ata, relatar um acontecimento que se deu na presente data, 27 de agosto de 2015, e que infringiu o regulamento. Um dos nossos, um burocrata, parece que perdeu o discernimento e saiu por aí à cata de uma filosofia de boteco que lhe servisse de argumento. E com praticidade, o psicopata, simplificou o procedimento, permitindo à multidão pacata, resolver os seus problemas sem nenhum aborrecimento. Tratemo-lo como persona non gata, onde digo gata, não digo gata, digo grata, por ceifar nosso rendimento e zombar de nossa ocupação agora obsoleta, graças a esse jumento.
terça-feira, 25 de agosto de 2015
Carla
Toma de meu pulso a regularidade
Arranca o fôlego de dentro de mim
Exaure o ar da proximidade
Tua tímida figura me deixa assim
O pensamento fica meio confuso
O raciocínio mais e mais devagar
O discernimento cai em desuso
O azul de teus olhos a me afogar
Ouvindo tua voz doce e delicada
Minha voz fraqueja e titubeia
Não sou capaz de perceber mais nada
Além do teu canto de sereia
Um mundo de sonho entra em vigor
Súbito a realidade fica distante
Tira-me com carinho desse torpor
Essa tua inteligência tão vibrante
Arranca o fôlego de dentro de mim
Exaure o ar da proximidade
Tua tímida figura me deixa assim
O pensamento fica meio confuso
O raciocínio mais e mais devagar
O discernimento cai em desuso
O azul de teus olhos a me afogar
Ouvindo tua voz doce e delicada
Minha voz fraqueja e titubeia
Não sou capaz de perceber mais nada
Além do teu canto de sereia
Um mundo de sonho entra em vigor
Súbito a realidade fica distante
Tira-me com carinho desse torpor
Essa tua inteligência tão vibrante
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Luz
Trespassa os confins do infinito
Ilumina a tez azulada
Da pequena rocha isolada
Querido lugar onde habito
Vaza por todos os lados
Traz vida, faz festa
Seu terno calor nos empresta
Lindos dias ensolarados
Até a tristeza ela alcança
Penetra o breu da dor crua
Saltitando veloz, reflete na lua
Respinga na noite trazendo esperança
Ilumina a tez azulada
Da pequena rocha isolada
Querido lugar onde habito
Vaza por todos os lados
Traz vida, faz festa
Seu terno calor nos empresta
Lindos dias ensolarados
Até a tristeza ela alcança
Penetra o breu da dor crua
Saltitando veloz, reflete na lua
Respinga na noite trazendo esperança
domingo, 23 de agosto de 2015
Real
Tão mais linda que a magia
É a pura realidade
Construída ao longo de tempos imemoriais
No passo a passo da necessidade
A matéria vindo da energia
Proteínas tornando-se animais
O mágico tudo contraria
Ignora a ancestralidade
Transforma o mundo em ilusões banais
Nos confere falsa superioridade
Submetida à uma análise fria
Não responde questões essenciais
Há quem ache que não tem poesia
Na crueza da verdade
Afirmo que se tratam de conclusões superficiais
A fisioquímica em sua complexidade
Tem toda a beleza que poderia
Clareza, elegância e muito mais
É a pura realidade
Construída ao longo de tempos imemoriais
No passo a passo da necessidade
A matéria vindo da energia
Proteínas tornando-se animais
O mágico tudo contraria
Ignora a ancestralidade
Transforma o mundo em ilusões banais
Nos confere falsa superioridade
Submetida à uma análise fria
Não responde questões essenciais
Há quem ache que não tem poesia
Na crueza da verdade
Afirmo que se tratam de conclusões superficiais
A fisioquímica em sua complexidade
Tem toda a beleza que poderia
Clareza, elegância e muito mais
sábado, 22 de agosto de 2015
Decepção
Desmoronam solenemente um a um
Os fundamentos de minha ideologia
Caem e recaem sobre os escombros
De tudo aquilo em que acreditava
A feroz ambição humana que cega
Domina, corrói, apodrece e entrava
Matou um lindo sonho de justiça
Expropriou a esperança, roubou a poesia
A mentira densa e obscura como petróleo
As elucubrações falaciosas de sua vã filosofia
A traiçoeiros golpes impiedosos de facão
O terreno fértil de nossas ilusões desbrava
Mas num dia inevitável a verdade vem à tona
E como fera, os dentes em nossa convicção crava
Curado o ferimento, nos resta a imunidade
Às bactérias de sua torpe biologia
Os fundamentos de minha ideologia
Caem e recaem sobre os escombros
De tudo aquilo em que acreditava
A feroz ambição humana que cega
Domina, corrói, apodrece e entrava
Matou um lindo sonho de justiça
Expropriou a esperança, roubou a poesia
A mentira densa e obscura como petróleo
As elucubrações falaciosas de sua vã filosofia
A traiçoeiros golpes impiedosos de facão
O terreno fértil de nossas ilusões desbrava
Mas num dia inevitável a verdade vem à tona
E como fera, os dentes em nossa convicção crava
Curado o ferimento, nos resta a imunidade
Às bactérias de sua torpe biologia
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
Homem
Tenho um pé na água
Outro na terra
Uma mão que esmaga
Outra que entrega
A cabeça no ar
Pronta pra guerra
E muita mágoa
No coração
Tenho um olho no real
Outro no imaginário
Um ouvido absoluto
Outro precário
Uma língua afiada
Nariz empinado
Sou um ponto infinitesimal
Na multidão
Outro na terra
Uma mão que esmaga
Outra que entrega
A cabeça no ar
Pronta pra guerra
E muita mágoa
No coração
Tenho um olho no real
Outro no imaginário
Um ouvido absoluto
Outro precário
Uma língua afiada
Nariz empinado
Sou um ponto infinitesimal
Na multidão
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Derrotado
Num lance de dados
Nas batalhas de ferro e de fogo
Os desejos sonhados
Não parecem que vão chegar logo
E aqui estou eu perdendo o jogo
No leilão da vida
Nos lances ousados que ofereço
Minha compra perdida
Pelo jeito fugaz que me expresso
E aqui estou eu pagando o preço
Num campeonato
As chances de vitória talvez
Existissem de fato
Mas a sorte me traz um revés
E aqui estou eu passando a vez
Nas batalhas de ferro e de fogo
Os desejos sonhados
Não parecem que vão chegar logo
E aqui estou eu perdendo o jogo
No leilão da vida
Nos lances ousados que ofereço
Minha compra perdida
Pelo jeito fugaz que me expresso
E aqui estou eu pagando o preço
Num campeonato
As chances de vitória talvez
Existissem de fato
Mas a sorte me traz um revés
E aqui estou eu passando a vez
Crise
Ar pesado, água turva
Feroz tempestade se avizinha
Presságio funesto da aura daninha
Que espera na próxima curva
Ofegante, sangue quente
Voraz predador de tocaia
Lutando ou correndo, a tragédia se ensaia
Esforço se mostra impotente
Folha seca, seiva bruta
Atroz motosserra que corta
A raiz da questão de tudo que importa
Mais nada na selva se escuta
Feroz tempestade se avizinha
Presságio funesto da aura daninha
Que espera na próxima curva
Ofegante, sangue quente
Voraz predador de tocaia
Lutando ou correndo, a tragédia se ensaia
Esforço se mostra impotente
Folha seca, seiva bruta
Atroz motosserra que corta
A raiz da questão de tudo que importa
Mais nada na selva se escuta
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Sonho
Venho de lugar indefinido
Planície íngreme, deserto verdejante
De fotos, de bagagem desprovido
De fato, um curioso viajante
Tenho uma interrogação no semblante
E um estrondoso silêncio no ouvido
A realidade altera-se diante
Do meu passo tímido e decidido
Ora voando sem dificuldade alguma
Ora os pés trancados no chão
Por imaginários pesados ferrolhos
Revejo entes queridos na bruma
Memórias confusas se vão
No movimento rápido dos olhos
Planície íngreme, deserto verdejante
De fotos, de bagagem desprovido
De fato, um curioso viajante
Tenho uma interrogação no semblante
E um estrondoso silêncio no ouvido
A realidade altera-se diante
Do meu passo tímido e decidido
Ora voando sem dificuldade alguma
Ora os pés trancados no chão
Por imaginários pesados ferrolhos
Revejo entes queridos na bruma
Memórias confusas se vão
No movimento rápido dos olhos
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Buraco negro
Sangradouro da matéria
Final de toda luz
A uma substância funérea
Tudo um dia se reduz
Onde o tempo para de vez
Quando o onde está ausente
Infinita gravidade que desfez
O passado, o futuro e o presente
A esperança já não existe
A alegria estertorou
E até o que sobrou de triste
Sua negra moela esmagou
Curioso objeto matemático
Que habita os confins do universo
E o centro dos meus sentimentos
Dizem o físico teórico e o prático
Que talvez o seu reverso
Seja um mundo de encantamentos
No torpor da loucura mais sã
Penso que o reverso de meu buraco negro
Talvez seja o amanhã
Final de toda luz
A uma substância funérea
Tudo um dia se reduz
Onde o tempo para de vez
Quando o onde está ausente
Infinita gravidade que desfez
O passado, o futuro e o presente
A esperança já não existe
A alegria estertorou
E até o que sobrou de triste
Sua negra moela esmagou
Curioso objeto matemático
Que habita os confins do universo
E o centro dos meus sentimentos
Dizem o físico teórico e o prático
Que talvez o seu reverso
Seja um mundo de encantamentos
No torpor da loucura mais sã
Penso que o reverso de meu buraco negro
Talvez seja o amanhã
terça-feira, 11 de agosto de 2015
Coração
Há palavras que só existem na mente
E não encontram ressonância no mundo
São aquelas que iriam mais fundo
Nas sombras confusas que o coração sente
Há momentos que só existem no sonho
E não se encontram numa brecha do tempo
São aqueles que trariam movimento
Ao coração hoje inerte e tristonho
E não encontram ressonância no mundo
São aquelas que iriam mais fundo
Nas sombras confusas que o coração sente
Há momentos que só existem no sonho
E não se encontram numa brecha do tempo
São aqueles que trariam movimento
Ao coração hoje inerte e tristonho
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
Quintal
Nada tinha mais importância
Que correr solto, desembestado
Pelo pequeno infinito inusitado
Do quintal nos fundos da infância
Tudo esquecer, mergulhado na ânsia
De viver neste planeta inventado
E sentir no rubor do rosto suado
O vento veloz que traz refrescância
Totalmente alienados dos perigos lá fora
Do mundo feroz que os sonhos devora
Brincávamos eu, meus primos e algum amigo
Blindados pela nossa própria inocência
E acariciados pela doce benevolência
Da querida família que nos dava abrigo
Que correr solto, desembestado
Pelo pequeno infinito inusitado
Do quintal nos fundos da infância
Tudo esquecer, mergulhado na ânsia
De viver neste planeta inventado
E sentir no rubor do rosto suado
O vento veloz que traz refrescância
Totalmente alienados dos perigos lá fora
Do mundo feroz que os sonhos devora
Brincávamos eu, meus primos e algum amigo
Blindados pela nossa própria inocência
E acariciados pela doce benevolência
Da querida família que nos dava abrigo
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Falsa modéstia
Sou indigno de figurar entre os mestres
Infante imberbe da semântica
Mendigo infame da semiótica
Portador de uma prosa quântica
Perpetrador de poesia caótica
Contraponho à Velázquez, da Vinci e Dali
Minhas pinturas rupestres
Não mereço estar entre os preferidos
Insano insosso da estética
Simulador insalubre da ótica
Autor de uma coloração patética
Detentor de pincelada robótica
Contraponho à Beethoven, Mozart e Ravel
Meus cacofônicos ruídos
Minhas melodias e meus acordes complexos
Não deveriam soar para a posteridade
Violador das leis primais da acústica
A quem carece de elegância a sonoridade
E que tamborila uma rítmica rústica
Contraponho à Drummond, Camões e Pessoa
Meus balbucios disléxicos
Infante imberbe da semântica
Mendigo infame da semiótica
Portador de uma prosa quântica
Perpetrador de poesia caótica
Contraponho à Velázquez, da Vinci e Dali
Minhas pinturas rupestres
Não mereço estar entre os preferidos
Insano insosso da estética
Simulador insalubre da ótica
Autor de uma coloração patética
Detentor de pincelada robótica
Contraponho à Beethoven, Mozart e Ravel
Meus cacofônicos ruídos
Minhas melodias e meus acordes complexos
Não deveriam soar para a posteridade
Violador das leis primais da acústica
A quem carece de elegância a sonoridade
E que tamborila uma rítmica rústica
Contraponho à Drummond, Camões e Pessoa
Meus balbucios disléxicos
Fraco
Trago na voz
Este tom vibrante
Monocórdica canção
De minha duvidosa autoria
Rebimba vigoroso
Mas de tão distante
Soa mais como
Delicada melodia
Trago na tez
Este tom cintilante
Monocromática visão
De minha honrosa fisionomia
Fulgura poderoso
Como uma bruxuleante
Brasa que a brisa branda da noite
Apagaria
Este tom vibrante
Monocórdica canção
De minha duvidosa autoria
Rebimba vigoroso
Mas de tão distante
Soa mais como
Delicada melodia
Trago na tez
Este tom cintilante
Monocromática visão
De minha honrosa fisionomia
Fulgura poderoso
Como uma bruxuleante
Brasa que a brisa branda da noite
Apagaria
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Criança
Sorriso meu
Gotinha de felicidade no oceano
Aquece minha vida
Se é o amor que humaniza
Você me faz humano
Carinho meu
Estrelinha azul no universo
Clareia minha noite
Se o açoite da rotina inferioriza
Você me faz o inverso
Sonho meu
Momento precioso na eternidade
Valida meu presente
Ausente tudo o mais, ainda caracteriza
O que tem de melhor na humanidade
Gotinha de felicidade no oceano
Aquece minha vida
Se é o amor que humaniza
Você me faz humano
Carinho meu
Estrelinha azul no universo
Clareia minha noite
Se o açoite da rotina inferioriza
Você me faz o inverso
Sonho meu
Momento precioso na eternidade
Valida meu presente
Ausente tudo o mais, ainda caracteriza
O que tem de melhor na humanidade
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Dia
Manhã aberta, de vastas luzes
Incorre em incertas probabilidades
Dispersando o despertar pelas cidades
Renovando a vida que conduzes
Tarde mansa, de longas horas
Escorre dourada, mel do tempo
Levando leveza ao movimento
Repetitivo da vida que exploras
Noite alta, de trilhas cegas
Ocorre em silêncio, às escondidas
Furtando as futuras lembranças perdidas
Do refugo da vida que relegas
Incorre em incertas probabilidades
Dispersando o despertar pelas cidades
Renovando a vida que conduzes
Tarde mansa, de longas horas
Escorre dourada, mel do tempo
Levando leveza ao movimento
Repetitivo da vida que exploras
Noite alta, de trilhas cegas
Ocorre em silêncio, às escondidas
Furtando as futuras lembranças perdidas
Do refugo da vida que relegas
terça-feira, 28 de abril de 2015
Felicidade
Te perdi pelas ruas da cidade
Lentamente arrastada pelo asfalto
Do terraço do prédio mais alto
Atirada nos bueiros da saudade
Te esqueci com a chegada da idade
Abandonada à própria sorte numa esquina
Do salão da casa mais granfina
Desaguada no esgoto da maldade
Te vivi com toda intensidade
Pelo breve momento que pude
Em algum lugar de minha juventude
Ficaste emoldurada para a posteridade
Lentamente arrastada pelo asfalto
Do terraço do prédio mais alto
Atirada nos bueiros da saudade
Te esqueci com a chegada da idade
Abandonada à própria sorte numa esquina
Do salão da casa mais granfina
Desaguada no esgoto da maldade
Te vivi com toda intensidade
Pelo breve momento que pude
Em algum lugar de minha juventude
Ficaste emoldurada para a posteridade
terça-feira, 10 de março de 2015
Orador
Minha palavra abala
Força sísmica fora de escala
Meu verbo fere os sentidos
Nas emoções resvala
Tange as cordas vocais
Tinge de vermelho a razão
O burburinho insolente cala
Aterroriza a mentira
Amortiza a mediocridade
A verdade
Embala
Dom de esculpir com a fala
Força sísmica fora de escala
Meu verbo fere os sentidos
Nas emoções resvala
Tange as cordas vocais
Tinge de vermelho a razão
O burburinho insolente cala
Aterroriza a mentira
Amortiza a mediocridade
A verdade
Embala
Dom de esculpir com a fala
terça-feira, 3 de março de 2015
Monossilábico
Eu
Sem
Fé
Do
Pó
Ao
Pó
Do
Céu
Ao
Chão
A
Pé
Quem
Fez
De
Mim
Tão
Só
Só
Ser
O
Que
Se
É
Eu
Sem
Fim
Foi
Por
Um
Triz
Um
Véu
De
Luz
Na
Mão
Quem
Fez
O
Que
Eu
Fiz
Já
Foi
Sim
Mas
Não
Foi
Não
Sem
Fé
Do
Pó
Ao
Pó
Do
Céu
Ao
Chão
A
Pé
Quem
Fez
De
Mim
Tão
Só
Só
Ser
O
Que
Se
É
Eu
Sem
Fim
Foi
Por
Um
Triz
Um
Véu
De
Luz
Na
Mão
Quem
Fez
O
Que
Eu
Fiz
Já
Foi
Sim
Mas
Não
Foi
Não
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
Toró
Venta para longe daqui aura
insalubre de borrasca, venta
Afasta esta tempestade de
sentimentos que me encharca
Esta chuva de pensamentos
Que me atormenta
Fujo desamparado desta noite
agourenta, pois o louco que a
procela enfrenta descobrirá
mais cedo ou mais tarde que
a estrutura não aguenta
A alma se arrebenta
Raios relâmpagos e trovões
Insights da tormenta
Iluminem por um instante
Este ser que se adoenta
Acordem com estardalhaço
A força que por hora se ausenta
Força que salva, que me alenta
E ajuda a soprar para longe
esta aura pestilenta de mágoa
Esta chuva, um pé d'água
Que destroça minha casa
Venta para longe daqui, venta
insalubre de borrasca, venta
Afasta esta tempestade de
sentimentos que me encharca
Esta chuva de pensamentos
Que me atormenta
Fujo desamparado desta noite
agourenta, pois o louco que a
procela enfrenta descobrirá
mais cedo ou mais tarde que
a estrutura não aguenta
A alma se arrebenta
Raios relâmpagos e trovões
Insights da tormenta
Iluminem por um instante
Este ser que se adoenta
Acordem com estardalhaço
A força que por hora se ausenta
Força que salva, que me alenta
E ajuda a soprar para longe
esta aura pestilenta de mágoa
Esta chuva, um pé d'água
Que destroça minha casa
Venta para longe daqui, venta
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Ia
Minha tristeza se irradia
Como lindas gotas prateadas
Choro estas lágrimas enluaradas
Em plena luz do dia
A dura jornada que inicia
Me traz esperanças quebradas
Uno peças disparatadas
No quebra-cabeça da alegria
Antes, firme e decidido eu subia
Hoje estas quedas desenfreadas
Tropicando cegamente nas escadas
Que tão nitidamente eu via
De fato, tudo o que eu queria
Era dar boas risadas
Mas que não viessem acompanhadas
De dor latente, de profunda agonia
Como lindas gotas prateadas
Choro estas lágrimas enluaradas
Em plena luz do dia
A dura jornada que inicia
Me traz esperanças quebradas
Uno peças disparatadas
No quebra-cabeça da alegria
Antes, firme e decidido eu subia
Hoje estas quedas desenfreadas
Tropicando cegamente nas escadas
Que tão nitidamente eu via
De fato, tudo o que eu queria
Era dar boas risadas
Mas que não viessem acompanhadas
De dor latente, de profunda agonia
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
Fera
O que penso pesa
O que posso, faço
É que nesse passo
Tudo se despreza
O que passo, lesa
O que quero caço
Tomam um pedaço
Punho se retesa
O que faço cessa
O que penso passa
É uma desgraça
Fera indefesa
O que posso, faço
É que nesse passo
Tudo se despreza
O que passo, lesa
O que quero caço
Tomam um pedaço
Punho se retesa
O que faço cessa
O que penso passa
É uma desgraça
Fera indefesa
domingo, 22 de fevereiro de 2015
DNA
Antes da vida na Terra
Dentre trovões e vapores
Em meio a vulcões e tremores
Nasceu substância insólita
Indo do nada ao magistral
Naquela sopa primordial
A natureza não erra
Toda existência ela encerra
Intrincada espiral da genética
Moldou paciente, toda criatura
Interiorizada na estrutura
Na trama ocasional da estética
A natureza as vezes erra
Criou uma verdadeira guerra
Indo em busca da sobrevivência
Todos os seres em brutal concorrência
O mais fraco encontrando a morte
Sob o peso do mais forte
Induzindo constante mutação
Nutrindo a próxima geração
A natureza sempre erra
Grunhe, ruge, relincha, berra
Uma infinidade de formas de vida
A espécie humana desenvolvida
Nossa complexa mente nos habilita
Imaginar que o destino se cumpre
Natureza, está certa sempre
Até nas vezes em que erra
Dentre trovões e vapores
Em meio a vulcões e tremores
Nasceu substância insólita
Indo do nada ao magistral
Naquela sopa primordial
A natureza não erra
Toda existência ela encerra
Intrincada espiral da genética
Moldou paciente, toda criatura
Interiorizada na estrutura
Na trama ocasional da estética
A natureza as vezes erra
Criou uma verdadeira guerra
Indo em busca da sobrevivência
Todos os seres em brutal concorrência
O mais fraco encontrando a morte
Sob o peso do mais forte
Induzindo constante mutação
Nutrindo a próxima geração
A natureza sempre erra
Grunhe, ruge, relincha, berra
Uma infinidade de formas de vida
A espécie humana desenvolvida
Nossa complexa mente nos habilita
Imaginar que o destino se cumpre
Natureza, está certa sempre
Até nas vezes em que erra
sábado, 21 de fevereiro de 2015
Fuga
Porta afora, decidido
Passo firme, peito aberto
Da verdade estou mais perto
Deste mundo, desiludido
Vão dizer que fui vencido
Que estou errado, ou que estou certo
Que de razão estou coberto
E mesmo assim, arrependido
Vou tapar o meu ouvido
E dar uma de esperto
Abro o peito, o passo aperto
E logo terei desaparecido
Passo firme, peito aberto
Da verdade estou mais perto
Deste mundo, desiludido
Vão dizer que fui vencido
Que estou errado, ou que estou certo
Que de razão estou coberto
E mesmo assim, arrependido
Vou tapar o meu ouvido
E dar uma de esperto
Abro o peito, o passo aperto
E logo terei desaparecido
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Pari passu
Fio a fio, deslizam por meus dedos seus cabelos
Dia a dia nosso amor fica maior
Meio a meio, dividimos atropelos
De sol a sol, me purifica seu suor
Dois a dois, pavimentamos o caminho
Passo a passo nosso laço a estreitar
Gota a gota, nós sorvemos deste vinho
De mais a mais, não podemos reclamar
Dia a dia nosso amor fica maior
Meio a meio, dividimos atropelos
De sol a sol, me purifica seu suor
Dois a dois, pavimentamos o caminho
Passo a passo nosso laço a estreitar
Gota a gota, nós sorvemos deste vinho
De mais a mais, não podemos reclamar
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