As palavras silenciar
Abafar todas notas
Interditar as rotas
Rarefazer o ar
E a inevitável quebra
Que a finitude lembra
A se aproximar
Bem no ponto final
Retornar ao início
À beira do precipício
A espera é letal
E a inevitável queda
Que o temor hospeda
É fundamental
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Pouca coisa
De tão pouca coisa me ocupo
Também nessas coisas fracasso
Me odeio, me firo, me culpo
Sucumbo ao imenso cansaço
Que rouba a beleza do dia
Põe sombra onde a luz vigorava
Compõe uma triste poesia
Arrasta-me, prende, me trava
De tão pouca coisa me orgulho
Pra tantos também não é nada
Na mediocridade mergulho
E fico com a alma afogada
Não quero deixar descendência
Legar sofrimento profundo
Melhor é agir com decência
Viver a despeito do mundo
Também nessas coisas fracasso
Me odeio, me firo, me culpo
Sucumbo ao imenso cansaço
Que rouba a beleza do dia
Põe sombra onde a luz vigorava
Compõe uma triste poesia
Arrasta-me, prende, me trava
De tão pouca coisa me orgulho
Pra tantos também não é nada
Na mediocridade mergulho
E fico com a alma afogada
Não quero deixar descendência
Legar sofrimento profundo
Melhor é agir com decência
Viver a despeito do mundo
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Caixa forte
Fortemente protegido
Pelas trancas de papel
Nada entre terra e céu
Me pega desprevenido
Portas de algodão tecido
Numa trama intransponível
Me fazem inalcançável
Em plena praça escondido
Me protege um Deus de vento
Estou certo cem por cento
Que de tudo estou no centro
Minha dúbia convicção
É...
Por minha conta somente
Do infinito, inconsciente
Vagueio solenemente
Escorado na ilusão
Santa probabilidade
Que não seja eu o tal
Vitimado pelo mal
Ou pela fatalidade
Em minha fragilidade
Me protege um animal
E sou grato ao meu igual
Pela solidariedade
Pelas trancas de papel
Nada entre terra e céu
Me pega desprevenido
Portas de algodão tecido
Numa trama intransponível
Me fazem inalcançável
Em plena praça escondido
Me protege um Deus de vento
Estou certo cem por cento
Que de tudo estou no centro
Minha dúbia convicção
É...
Por minha conta somente
Do infinito, inconsciente
Vagueio solenemente
Escorado na ilusão
Santa probabilidade
Que não seja eu o tal
Vitimado pelo mal
Ou pela fatalidade
Em minha fragilidade
Me protege um animal
E sou grato ao meu igual
Pela solidariedade
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Discreto
Não adianta rasgar o verbo
Nem entrar de sola
O coração que chora
Tem de ser discreto
Tem de furar concreto
E que pedir esmola
Por que mentir não cola
É que vou ser sincero
Eu acho que te amo demais
Mas não vou forçar a barra
Não vou ganhar na marra
Sua atenção
Vou chegar de mansinho
Pegar sua mão
Olhar nos seus olhos
E te mostrar quem sou
Transparecer o amor
E te deixar em paz
Pra sentir o mesmo ou não
Se a recíproca for verdadeira
Não espere sentada
Que a hora atrasada
Pode ser a derradeira
Nem entrar de sola
O coração que chora
Tem de ser discreto
Tem de furar concreto
E que pedir esmola
Por que mentir não cola
É que vou ser sincero
Eu acho que te amo demais
Mas não vou forçar a barra
Não vou ganhar na marra
Sua atenção
Vou chegar de mansinho
Pegar sua mão
Olhar nos seus olhos
E te mostrar quem sou
Transparecer o amor
E te deixar em paz
Pra sentir o mesmo ou não
Se a recíproca for verdadeira
Não espere sentada
Que a hora atrasada
Pode ser a derradeira
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Três reinos
O Alberto trouxe o asbesto e quatro quartzo
O feldspato a mica e o betume
Pra eu fazer um talismã
E me livrar pela manhã do teu ciúme
Mandei buscar o boldo e a carqueja
Erva-cidreira, doce ou o que seja
Pra eu fazer unguento ou chá
E amansar seu coração quando me beija
Vou apelar para a natureza
Para ter certeza que você me ama
Vou rebentar as ondas do mar em nossa cama
Vou soprar o vento da manhã na tua face
E desbastar o seu disfarce
Vou carregar a luz do Sol no bolso
Pra quando o tempo fechar
O que mais quero é te fazer feliz
Não tem por que duvidar
O caboclo trouxe um melro e um uirapuru
Um pintassilgo, um loro e um urubu
Pra eu botar numa gaiola
E te cantar como é que chora o meu amor
O feldspato a mica e o betume
Pra eu fazer um talismã
E me livrar pela manhã do teu ciúme
Mandei buscar o boldo e a carqueja
Erva-cidreira, doce ou o que seja
Pra eu fazer unguento ou chá
E amansar seu coração quando me beija
Vou apelar para a natureza
Para ter certeza que você me ama
Vou rebentar as ondas do mar em nossa cama
Vou soprar o vento da manhã na tua face
E desbastar o seu disfarce
Vou carregar a luz do Sol no bolso
Pra quando o tempo fechar
O que mais quero é te fazer feliz
Não tem por que duvidar
O caboclo trouxe um melro e um uirapuru
Um pintassilgo, um loro e um urubu
Pra eu botar numa gaiola
E te cantar como é que chora o meu amor
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Cria
NA CRISE CRIATIVA
NA CRISE , CRIA ATIVA
CRIA NA CRISE ATIVA
CRIA NATIVA DA CRISE
CRUZA A CURA CONTIDA
NA DURA PUREZA DA VIDA
DA NUA E CRUA FERIDA
NASCE UMA FLOR COLORIDA
NA CRISE , CRIA ATIVA
CRIA NA CRISE ATIVA
CRIA NATIVA DA CRISE
CRUZA A CURA CONTIDA
NA DURA PUREZA DA VIDA
DA NUA E CRUA FERIDA
NASCE UMA FLOR COLORIDA
Esmaecendo
Ao amigo Waldo, que optou por não prosseguir.
Chega de palavras melancólicas
Dou um basta para tudo
Este ser carrancudo que vagueia
Por insólitos vocábulos
Caiu na teia da depressão
Entrego-me resignado
À fria mão que me tateia
E não vou mais adiante
Desculpem-me aqueles
A quem tocou minha tristeza
Desculpe mãe natureza
Esta criatura insignificante
E sua ilusão de grandeza
Mas que louco!
A natureza não tem consciência
E nem sentido algum
Além da sobrevivência
Para ela sou mais um
A carregar genes egoístas
Mas não deixarei descendência
Nem pistas
Vou sumindo pouco a pouco
Chega de palavras melancólicas
Dou um basta para tudo
Este ser carrancudo que vagueia
Por insólitos vocábulos
Caiu na teia da depressão
Entrego-me resignado
À fria mão que me tateia
E não vou mais adiante
Desculpem-me aqueles
A quem tocou minha tristeza
Desculpe mãe natureza
Esta criatura insignificante
E sua ilusão de grandeza
Mas que louco!
A natureza não tem consciência
E nem sentido algum
Além da sobrevivência
Para ela sou mais um
A carregar genes egoístas
Mas não deixarei descendência
Nem pistas
Vou sumindo pouco a pouco
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