domingo, 30 de março de 2014

Tempos modernos

Que sensação soturna é essa?
Um desconforto subliminar
O sangue gela, o sono cessa
É difícil se concentrar
Em meio ao caos, com tanta pressa
Não conseguir finalizar
Nada realmente interessa
Não assistir TV, zapear
Qualquer coisa logo estressa
Não ver a paisagem, fotografar
Sem sentido, sem descanço, outro dia começa
Não conversar com o amigo, postar
Viver prometendo e esperando uma promessa
Mas realmente não realizar

É uma sensação vazia, uma dormência
Pressão por todo lado, uma cobrança
Corrupção , injustiça, falência
Uma total falta de confiança
O Mercado nos ofende a inteligência
A religião não traz mais esperança
A política é o retrato da ausência
O esquecimento somatizado na lembrança
O sofrimento arraigado na vivência
Na tormenta, nenhum vento de mudança
Tudo isso intensifica a experiência
Corta, cala, quebra, cansa
Sensação soturna de demência
Que a humanidade inexoravelmente alcança

sexta-feira, 21 de março de 2014

Criatividade

Luz radiante dos sonhos dourados
Tens a beleza profunda da vida
Em tua história está resumida
Toda a glória dos tempos passados

És comandante de muitos soldados
Numa batalha que pra ser vencida
Tem de ser justa e ser compreendida
Como tarefa de predestinados

Segue indomada esta fera possante
A cavalgar pela mente brilhante
Mozart, Walt Disney e Einstein e mais

Gênios que acendem a chama ofuscante
Cora e aquece este vil figurante
Vence a tristeza que no meu ser jaz

quarta-feira, 19 de março de 2014

Paixão

Eu quero mordiscar-lhe o seio
E festejar-lhe a boca
Soltar de vez o freio
Dessa vontade oca
Desembestar o coração

E afagar-lhe a coxa
E deixar você zonza
Uma mordida roxa
Eu tigre, você onça
E apertar sua mão

E repousarmos serenos
Fronteiras inexistentes
E nós juntos seremos
Dois seres iridescentes
Em plena comunhão

terça-feira, 18 de março de 2014

Pausa

Já não escrevo como antes
A força de acontecimentos gigantes
Fez-me esquecer o que devo

Levou-me as palavras da mão
Num mundo de pura ilusão
Meu inquilino poeta dorme

Sonha secretos sons sibilantes
Seus sentidos sempre vigilantes
Despertam para inéditos vocábulos

Perecerá sob o toner e o grafite
A saudade apertada sem limite
Dos regressos versos triunfantes