terça-feira, 30 de setembro de 2014

Deixa pra lá

A tristeza que machuca
A saudade que me corta
A verdade que fechou
A janela nos meus dedos
E que na minha cara
Bateu a porta
Parecem insuportáveis
Mas nada importa

Esta mentalidade tacanha
Esta filosofia torta
Que a humanidade esbanja
E até ostenta orgulhosa
A amargura que
Entope minha aorta
São tão sufocantes
Mas nada importa

Todos os recursos esgotados
Uma estrutura que não suporta
Nossa loucura, nossa ganância
Uma sociedade falida
Uma vida fracassada
Minha ilusão está morta
E já não tenho palavras
Que expressem com poesia
A sensação que me acomete
Mas não se engane
Continuarei escrevendo
A rima que se dane
Nada mais importa

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Redes sociais

Sinto que o mundo não cabe em mim
Pressinto que esta ambição a mim não cabe
Sinto muito não ser aquele que tudo sabe
Vivendo no infinito, sou criatura que tem fim

Quisera ouvir todas músicas já feitas
Beijar todas moças que existem, cheirar todas flores
Dizer que amo todos meus amigos, perdoar os agressores
Vivendo num mundo caótico, criaturas imperfeitas

Pudera dividir o átomo a frio, no tempo viajar
Pisar o barro do Nilo, afagar ursos polares
Brincar com meu filho no tapete da sala, expedições lunares
Vivendo uma vida de sonho, obcecado pelo despertar

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Poesia

Aqui nestas linhas onde subsisto
Nas entranhas de versos vorazes
Digo tudo o que pensas
Sei tudo o que fazes
Um enorme poder eu conquisto

Na trama da métrica em que resisto
Na teia de rimas audazes
Sangro sensações intensas
Verto ideias sagazes
Na veia da palavra eu invisto

Mas se meu traçado não é visto
Não passo de borrões incapazes
Tantas histórias imensas
Perdidas em letras fugazes
Sem teus olhos não existo


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Nada

A vela que me vale neste mar
Naufraga solenemente
A veia que me nutre, infelizmente
Destinada a falhar

A vela que ilumina o caminhar
Por este vale inclemente
A verdade que se mostra, contundente
Destinada a apagar

A vala que logo há de me abrigar
Briga que travo eternamente
Repulsa e desejo, contradizente
Deste nada abraçar

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Vida

Deixe-me mansamente
Matéria inconstante
Jazendo inerte
A tudo indiferente
Do nada integrante

Deixe-me totalmente
Em menos de um instante
E assim conserte
Meu corpo decadente
Minha mente pulsante

Deixe-me inconsciente
Nesse momento agonizante
Para enfim saber-te
Mais do que presente
Determinante