terça-feira, 4 de agosto de 2015

Falsa modéstia

Sou indigno de figurar entre os mestres
Infante imberbe da semântica
Mendigo infame da semiótica
Portador de uma prosa quântica
Perpetrador de poesia caótica
Contraponho à Velázquez, da Vinci e Dali
Minhas pinturas rupestres

Não mereço estar entre os preferidos
Insano insosso da estética
Simulador insalubre da ótica
Autor de uma coloração patética
Detentor de pincelada robótica
Contraponho à Beethoven, Mozart e Ravel
Meus cacofônicos ruídos

Minhas melodias e meus acordes complexos
Não deveriam soar para a posteridade
Violador das leis primais da acústica
A quem carece de elegância a sonoridade
E que tamborila uma rítmica rústica
Contraponho à Drummond, Camões e Pessoa
Meus balbucios disléxicos


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