sábado, 23 de novembro de 2013

Carpe diem

Chega de filosofia
De profundas reflexões
Quero aproveitar o dia
Dar um tempo pra razão
E viver minhas emoções

Ontem quando eu ria
Ria cheio de exceções
E pra tudo que eu fazia
Sempre de antemão
Tinham elucubrações

Hoje minha moradia
É o seio das canções
Caminho pela melodia
Totalmente na contramão
Fazendo improvisações

Amanhã, quem diria!
Não sei

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Dor

Escolhi não falar de campos verdejantes
Nem de pássaros, flores ou encantos da natureza
Mesmo que de fato eu lhes admire a beleza
Tenho sempre algo urgente para tratar antes

Num mundo onde sentir a própria dor é deselegante
E é incoveniente expressar sua tristeza
É que vivem as pessoas mais tristes, com certeza
Iludidas com falsos brilhos, emoções conflitantes

Elaborando estas rimas compreendo o que sinto
Aceito, reflito, trabalho e modifico
E às vezes pra fechar o verso até invento

Faço da minha poesia um sagrado recinto
Onde doar minhas reflexões me deixa mais rico
Onde talvez minhas palavras não se percam no vento

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Poema de amor

Não te amo mais
E não é de agora
Só não fui embora
Sei lá por que
Acho que gosto de você
Ou melhor
Da memória
Lembranças do que vivemos
Mas não é só de história
Que vive uma união
Acabou o tesão
Acabou a conversa
Quer saber?
Faz as malas
Vai depressa
Pra que ficar?
Comodismo?
Isso não é vida
Melhor é a despedida
Melhor é recomeçar

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Pressa

Sinto-me muito culpado
Pelo não uso da rima
Que o poeta estima
Lastima ter ocultado

E desprezar qualquer métrica
Deixa-me tão consternado
Que posso ser acusado
De violar a estética

Perdão pois eu tenho pressa
Em expor-me cruamente
Minha intenção não é essa
De ofender a tua mente
E sim de aliviar-me o peito
E assim acho o melhor jeito
Desorganizadamente

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Não por temor do castigo da divindade
Nem esperando favores aqui ou além
Se acredito vigorosamente no bem
É como expressão maior de nossa humanidade

Saber que vem de dentro a fonte de todo mal
Faz dele um inimigo menos poderoso
Pois deixar que o nume o combata é perigoso
Esse dever é nosso, é urgente e é o principal

Não sobreviverei à minha própria morte
Quando esta vida acabar será eternamente
Melhor então fazer que ela seja decente
Melhor contar com a realidade e não com a sorte

Não anseio o perdão incondicional da potestade
Nem desejo que repare todos os meus erros
Me perdoarei e pedirei perdão pessoalmente aos berros
Meus atos são de minha inteira responsabilidade

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Quem avisa...

Você que eu amo e nem sabe
Abra os olhos para essa vida maravilhosa
Que lhe ofereço e não posso dar
E fuja que é ilusão, é falsa
Vai acabar antes do começo
Vai por mim, essa história eu conheço
Tão bem, que mesmo sem intenção
Escrevo nestas linhas que agora lhe endereço
A milésima edição do triste capítulo final

Tchau

domingo, 17 de novembro de 2013

Silêncio

Silêncio!

Magia que emoldura o som
O átimo entre as palavras habita
Entre umas e outras notas palpita
O silêncio é um dom

Em silêncio ouvimos internamente
A música que tanto nos emocionou
Essência de tudo, essência do que sou
O silêncio não mente

Em silêncio vive quase todo o universo
No vácuo absoluto das distâncias infindas
Nem por isso as estrelas são menos lindas
O silêncio mora no meu verso

Shhhhhhh!

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Hertz

Divindade abstrata
Que nasce das entranhas
E jaz na tinta
Do tempo és escravocrata
Em tuas artimanhas
Renasces, te reinventas

És fugidia como a brisa
Mas não sais do pensamento
Sem palavras, tua linguagem
É a linguagem mais precisa
Pra falar de sentimanto
E soar uma paisagem

A nau da percepção
Tuas ondas castigam, impiedosas
A embalar calmaria e tormenta
Tens em tua composição
A trama mais maravilhosa
Que a toda humanidade sustenta

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Abissal

Nos mais sombrios pensamentos mergulhado
Afogo esta existência sem sentido
Passo inerte os dias, noites acordado
Com a alma destroçada, mortalmente ferido

Nos estertores da esperança reconheço
Num relance que aterroriza a consciência
Que não sei de nada, que me desconheço
Não sei meu futuro, presente ou proveniência

Profundo mar de escuridão com criaturas abomináveis
Será que te atravessarei, ou tocarei teu leito?
Será que tais agruras são contornáveis?

Porque quando estamos no meio delas não tem jeito
A calmaria às vezes é pior que a borrasca
Aprisiona os sentidos, entorpece o peito

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Saudade

Volte por favor
No espaço ou no tempo
Num disco voador
Mas volte logo
E traga consigo
A vivacidade das cores
O cheiro da tarde
Porque não consigo
Jogar esse jogo
Sozinho
Hoje, lembranças são dores
Volte por favor
Mesmo se fores partir amanhã
O instante será valioso
Se tiver sua presença
Hoje a alegria é distante
Hoje, perdi minha crença
Volte por favor
De noite ou de manhã
Num raio luminoso
Mas volte logo

terça-feira, 12 de novembro de 2013

816 84N6

Da mais desconcertante simplicidade
Surgiu tudo que nos cerca
Estrelas, galáxias, vida e mais
Bastou uma pequena eternidade
E cá estamos nós

Perdidos na vastidão do tempo e espaço
Temerosos que se percam
Florestas, nascentes e animais
Fazendo a pergunta que também faço
Será que estamos sós?

Será a luz feita de ondas ou partículas?
Creio eu, infelizmente
Que para responder a tais perguntas
As palavras vão ficando ridículas
Deveria usar números

Delicada filigrana quântica
Desafia todas leis da física
E deixa embasbacada a semântica

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ruído de fundo

Largo sorriso no rosto
Paz infinita na alma
Tudo do jeito que eu gosto
Tão ao alcance da palma

Lar que me abriga e me vela
Fonte de tanta alegria
Pinta da cor da aquarela
Meu sonhador dia-a-dia

Tantas pessoas queridas
Cercam a vida que levo
Outras já foram perdidas
Quero chorar mas não devo

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

À deriva

Pensei e pesei
Prós e contras
Fiz as contas
Desfiz os nós
Fiquei a sós
Com a emoção
E larguei mão
De nós, de tudo
Contudo
Sem nada me prendendo
Não experimentei a liberdade
Senti minha individualidade
À deriva, se perdendo
Sobretudo
Deixou-me mudo
A solidão
Essa impressão
Tirou-me a voz
E meu algoz
No fim das contas
De malas prontas
Fui eu, bem sei

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Oriundo

Assim passo pelo mundo
Oriundo, nem sei de onde
Buscar o futuro é tudo que faço
Mas ele se esconde

Então paro um segundo
Moribundo, vejo meu rosto
Procuro enxergar minha vida e reparo
Que é só desgosto

Eu lamento estar no fundo
Vagabundo, cansei da luta
Exponho em verdade as palavras que minto
Na minha conduta

Porém como estou imundo
Iracundo, eu me debato
E o domo que um dia já foi meu abrigo
Eu mesmo arrebato

E se trato bem fecundo
E rotundo, cheio de sorte
Não tive com a vida por que sou ingrato
Que tenha com a morte

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Tempo

Meu tempo é escasso
Quando ele sobra
Descanso
Eis minha obra
Grande fracasso

Por onde passo
Ela se dobra
E lanço
Meu ser na sombra
Corpo no espaço

É forte o laço
Brusca a manobra
Eu danço
E a morte cobra
Sina que traço

Com o cansaço
Que agora me assombra
Alcanço
Da alva penumbra
Mais um pedaço

Meu tempo é escasso
Quando ele sobra
Descanso em paz

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Do contra

Se eu rio, tenho uma lágrima escondida
Quando choro, é um rio de água salgada
Se te olho, vejo em teus olhos minha vida
E vivo sem ti, sem ilusão e sem nada

Se falo muito, mora o silêncio em minha lida
Verborrágico, tergiversa sobre cada
Tristeza, mágoa passada, luta perdida
Tira-me o sono, faz do dia vil jornada

Se estou parado, é inquieto meu pensamento
Agitado, tremendo marasmo no centro
Contraditório, e coerente em ser assim

É que justo na eternidade do momento
Na vastidão descampada que há por dentro
Te perco, e encontro o começo do meu fim

domingo, 3 de novembro de 2013

Rotulação

Nem inteligente ou ignorante
Não sou tolo ou sequer sou esperto
Não estou errado e nem estou certo
Nem agradável ou exasperante

Sou incomodamente diferente
Pela indiferença aos incomodados
Eu sou dos homens o mais inocente
Possuo a inocência dos culpados

Eis que sou pura individualidade
Indefinível e paradoxal
Pois como eu não há ninguém igual
Em toda história da humanidade

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Desligo

Se a velhice me alcançar
Encontrar-me-á sozinho
Incansável a botar
Novas pedras no caminho
Usando minhas dores
Para envenenar as flores
E estranhamente cultivar
Cada um de seus espinhos

Se a idade a mim vier
Não terei alguém comigo
Amigo, filho ou mulher
Nem sequer um inimigo
Ficarei com minhas dores
Dissipando meus temores
De que venha a morte me buscar
Se for agora, eu não ligo